10 de setembro de 2014

Restauro Crítico

  • foi criado nos 40 do Século XX
Renanto Bonelli em 1958 mostrou como o "restauro científico" poderia ser limitado e assim expôs sobre o assunto:
"A nova e moderna teoria parte de um procedimento lógico que aplica ao tema a estética espiritualista: se a arquitetura é arte, e por consequência a obra arquitetônica é obra de arte, o primeiro dever do restaurador deverá deverá ser o de individualizar o valor do monumento, ou seja, reconhecer neste a presença maior ou menor da qualidade artística. Mas esse reconhecimento é ato crítico,  juízo fundado sobre o critério que identifica no valor artístico e, por isso, nos aspectos figurativos, o grau de importância e o valor mesmo da obra; sobre isso é fundado o segundo dever, que é o de recuperar , restituindo e liberando, a obra de arte , vale dizer o complexo inteiro de elementos figurativos que constituem a imagem através dos quais esta realiza e exprime a própria individualidade e espiritualidade.
Qualquer operação deverá estar subordinada ao objetivo de reintegrar e conservar o valor expressivo da obra, uma vez que o objetivo a alcançar é a liberação da sua forma verdadeira .
Ao contrário, quando as destruições forem tão graves a ponto de ter grandemente mutilado ou destruído a imagem, não é absolutamente possível reaver o monumento; este não pode ser reproduzido, dado que o ato criador do artista não é repetível."
"Dessa imposição derivam os critérios a adotar, os quais constituem uma radical transformação e um revirar de método filológico: a necessidade de eliminar as sobreposições e adições, mesmo se notáveis e de valor como linguagem e testemunho, que possam prejudicar e lesar a integridade arquitetônica-figurativa, alterando a sua visão; a proibição de reconstruir quando as destruições tenham causado a perda da unidade figurativa; a legitimidade de reconstruções, contando que absolutamente seguras e sobretudo não substanciais, completando as partes faltantes de modo a dar de novo a visão autentica, em vez de assinalar à vista as adições. O rigor de aplicação dessas normas poderá ser atenuado proporcionalmente à menor ou imperfeita qualidade formal, quando o monumento não atingir a plenitude expressiva e for definível como manifestação de linguagem, confirmando, contudo que a prevalência deve ser sempre dada aos valores figurativos."
Cesare Brandi - 1906/1988
Cesare Brandi, dirigiu o Instituto Central de Restauração de 1939 a 1961 e escreveu a Teoria del Restauro (1963) que foi uma síntese dos seus textos publicados desde os anos 40 e veio a influenciar profundamente a Carta del Restauro Italiana de 1972. 
  • Restauração de produtos industriais, voltada para recuperar a sua funcionalidade.
  • Restauração das obras de arte, que leva em consideração seus aspectos estéticos e históricos.


O objetivo era o de conservar a autenticidade material da obra e restabelecer a sua "unidade potencial" e em caso de conflito entre aspectos estéticos e históricos, Brandi, afirmou que deveria ser dada prioridade ao primeiro.

Sustentou que o termo restauro é concebido para intervenções que dão nova eficiência a qualquer produto da atividade humana considerando essa acepção "pré-conceitual". Ao de evoluir daí analisou que tipo de produto da atividade humana esse conceito se aplicava. Tinha-se assim uma proposta para restauro relativo a objetos industriais, restituindo-se a funcionalidade, e outra relativa a obras de arte.

Especificou que algumas obras de arte podiam ter podiam ter objetivos funcionais, a arquitetura. Apresentou assim seu conceito de obra de Arte:
"Revelar-se-á prontamente que o especial produto da atividade humana ao qual se dá o nome de obra de arte, o é pelo fato de um singular reconhecimento que vem à consciência: reconhecimento duplamente singular, seja pelo fato de dever ser efetuado toda a vez por um só individuo, seja porque não pode ser motivado de outra forma a não ser pelo reconhecimento que o individuo singular faz dele".
Qualquer comportamento em relação à obra de arte, inclusive o restauro, dependeria do reconhecimento da obra de arte como tal, esta, condiciona a restauração e não o contrário.
Defendeu duas instancias que a obra de arte possui:
  • Estética, correspondente à "artisticidade".
  • Histórica, relacionada a uma produção humana de um determinado lugar e que se encontra em um determinado tempo e lugar. 
Sua definição de restauração:
"o restauro constitui o momento metodológico do reconhecimento da obra de arte, na sua consistência física e na sua dupla polaridade estética e histórica, com vistas à sua transmissão ao futuro."
Primeiro axioma:
"restaura-se somente a obra de arte"
Sustentou que matéria e imagem são uma extensão da outra, que é a instancia estética que detém a primazia pois, a singularidade de uma obra de arte em relação aos outros produtos da atividade humana não depende da sua materialidade mas sim do seu carácter artístico, não menosprezando o aspecto histórico.

Segundo axioma:
"o restauro deve visar ao restabelecimento da unidade potencial da obra de arte, desde que isso seja possível sem cometer um falso artístico ou um falso histórico, e sem cancelar qualquer traço da passagem da obra de arte no tempo" 
Assim, o restaurador deverá uma aproximação ao objeto criticamente, olhando aos aspectos históricos e estéticos e daí fazer a sua atuação.

Brandi é mais rigoroso que Bonelli no que concerne a preservação dos traços históricos e a condenação de reconstituições.

As intervenções resultantes dessa tendência na Itália foram tendencialmente conscienciosas homogêneas, foi dado também, um grande passo na extensão dos princípios de preservação para ambientes urbanos e para a paisagem.

Neste contexto, surgiu a Carta de Veneza em 1964.

Principais teóricos:

  • Cesare Brandi
  • Pietro Gazzola 
  • Renato Bonelli
  • Roberto Pane

Influencias também de:

  • Benedetto Croce
  • Giulio Carlo Argan

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